Quanto vale uma onça? 21k1i

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Foto: W.Tomas

Por Rafael Morais Chiaravalloti  5x1i5y

Via  Ipê.org

Roberto* estava dirigindo o caminhão da companhia de eletricidade local (Duke Energy) na SP-613 – rodovia que corta o Parque Estadual Morro do Diabo ao meio (Pontal do Paranapanema). Como ainda era madrugada, não viu o vulto ando na sua frente e atropelou e matou uma onça pintada (Panthera onca) que atravessava o parque de um lado para o outro. Essa onça estava sendo estudada pelos pesquisadores do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ) e, por isso, andava com um rádio-colar preso ao pescoço. Quando Roberto viu a aquilo, logo lembrou que tinha assistido na televisão uma onça-pintada com um colar exatamente igual aquele, e concluiu que acabara de atropelar uma onça famosa. No momento em que a Policia Florestal e os pesquisadores chegaram no local, Roberto chorava copiosamente dizendo que tinha matado a onça do “Globo Rural”. Ele apenas se acalmou depois que os pesquisadores explicaram que os rádios-colares são fabricados por poucas empresas e, por isso, tendem a ser muito parecidos.

O caso chegou a promotoria pública, a qual resolveu pedir uma indenização da companhia elétrica. Eles aceitaram a solicitação, no entanto, os advogados apenas pediram que o promotor informasse o quanto valia uma onça!

Naturalmente, o promotor não tinha a mínima ideia desse valor e pediu um tempo no processo para que fosse buscar junto a pesquisadores da área o quanto a companhia deveria pagar para compensar o onça morta. A busca do promotor não foi fácil. Pois grande parte dos pesquisadores consideravam que a onça tinha um valor intrínseco incomensurável, e portanto seria impossível valorá-la. No entanto, sem um preço claro, a companhia não iria compensar o dano.

Esse caso foi parar na sala do Professor Dr. Cláudio Pádua na Universidade de Brasília. E assim como os outros pesquisadores também considerou que a onça tem um valor intrínseco, no entanto, resolveu tentar solucionar o problema. Para estimar o preço da onça calculou quanto custaria para repor a onça. Isso significava cuidar de um filhote desde pequeno, treiná-lo para uma readaptação na natureza e o seu processo de soltura, e monitoramento pós-soltura chegando ao preço de mais de 100 mil dólares. Esse valor foi reado ao promotor público e depois à companhia elétrica. O dinheiro foi por decisão judicial pago como compensação ao Parque Estadual do Morro do Diabo onde a onça habitava na forma de bens e serviços.

*Nome fictício.

 

Ecoa 37h3q

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