Nota: A Ecoa ará a acompanhar mais de perto o megaprojeto da chamada Rota Bioceânica, obra que pretende alcançar o oceano Pacífico, atravessando a cordilheira dos Andes. Seu propósito, segundo informações da imprensa, é tornar mais baratas as exportações agrícolas de parte do território brasileiro. Quais os impactos ambientais, sociais e econômicos reais? 5jq6r
Por Marta Ferreira

Autoridades paraguaias não apenas confirmaram, nesta segunda-feira (12), a manutenção do projeto de construção de ponte ligando o Brasil ao país vizinho, na fronteira que a por Mato Grosso do Sul, como também anunciaram a intenção de deixar reservada, ao lado da estrada que formará a Rota Bioceânica, uma faixa exclusiva para a implantação de ferrovia. A informação foi divulgada durante o I Seminário de Integração da Infraestrutura de Transporte Rodo-ferroviário da América do Sul, que reúne representantes brasileiros e paraguaios em Assunção.
Integrante da comitiva de MS, o secretário Jaime Verruck considerou o anúncio a “grande novidade” relacionada ao projeto de estabelecer ligação mais rápida, portanto mais econômica, com o Pacífico, o que vai beneficiar diretamente as exportações de produtos sul-mato-grossenses. A Rota Bioceânica é sonho antigo e ganhou corpo com o anúncio, no dia 22 de julho, a abertura de licitação para o projeto executivo da ponte em Carmelo Peralta, separada de Porto Murtinho apenas pelo Rio Paraguai.
Como o Paraguai enfrenta crise política e chegou a haver risco de impeachment do presidente Mário Abdo, havia receio de que, mais uma vez, a construção a cargo da Usina de Itaipu não fosse dar certo. “Itaipu continua estabelecendo o cronograma da ponte, para março de 2023, então o projeto continua”, afirmou Verruck.

Verruck representa o governo do Estado no encontro, do qual participaram também o senador Nelson Trad Filho (PSD), presidente da Comissão de Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, do coordenador-geral de Assuntos Econômicos Latino-Americanos e Caribenhos do Ministério das Relações Exteriores, ministro João Carlos Parkinson de Castro, e o deputado federal Vander Loubet (PT). Conselheiro de Itaipu, o ex-ministro Carlos Marun (MDB) também participa.
“A grande novidade que ouvimos aqui foi através do ministro de Obras Públicas e Comunicações do Paraguai, Arnoldo Wiens. Está reservada uma faixa de 60 metros ao lado da rodovia bioceânica que a por obras de pavimentação, para construção de uma ferrovia ligando Carmelo Peralta/Porto Murtinho até a cidade de Salta, ao Norte da Argentina”, disse o secretário. “Mato Grosso do Sul está no centro dessa discussão, existe hoje um pensamento único no Estado em prol do desenvolvimento”, comemorou Jaime Verruck.
O senador Nelsinho Trad assegurou, também, que o o da BR-267 até o local de construção da ponte – trecho de 11 quilômetros – será feito pelo governo brasileiro, com recursos já reservados no PPA (Plano Plurianual), que prevê como o governo vai investir seus recursos no período de quatro anos.
A estrutura – A ponte projetada tem como parâmetro a ponte estaiada construída sobre o rio Paranaíba, entre Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. Segundo a Semagro, esse modelo não atrapalha a navegabilidade do rio, pois os pilares ficam erguidos nas margens, a uma altura que dá agem às embarcações.
A extensão da ponte terá 680 metros, de uma barranca a outra do rio, com 12 metros de largura, além de arela lateral para pedestre de um metro de largura. O vão entre os dois pilares terá 380 metros, mais 150 metros de cada pilar até a margem. A altura dos pilares que sustentarão os cabos será de 95 metros.
Mais rápido – O corredor bioceânico vai reduzir em 17 dias o trajeto de viagem das commodities de Mato Grosso do Sul até o mercado asiático, embarcando nos portos do Chile, ao invés de usar os portos de Paranaguá (PR) ou de Santos (SP). Com o corredor bioceânico garantido – o Paraguai está pavimentando o trecho de 600 quilômetros da rota que corta seu território – os países, agora, concentram negociações para concretizar também a ligação ferroviária.
De acordo com a comitiva que está em Assunção, o ministro paraguaio Arnoldo Wiens externou confiança no sucesso das negociações, frisando que este é o primeiro encontro internacional para tratar da construção da rota rodo-ferroviária e muito se avançou. Segundo o governo, a expectativa é que o assunto, agora, seja amadurecido nos governos de capa país participante e em breve aconteça outra reunião para avaliar o andamento das tratativas.
Na semana ada, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB), reuniu-se com o governador do Paraná, Carlos Massa Júnior (PSD), para discutirem a situação da ferrovia Ferroeste, que pode ligar Mato Grosso do Sul com o estado vizinho e ainda fazer parte do projeto da Rota Bioceânica.
Reinaldo, à época, destacou que a nova ferrovia faria a ligação do Mato Grosso do Sul a Cascavel e Porto de Paranaguá. Segundo o tucano seria uma das linhas férreas mais importantes do País. O projeto está entre as prioridades da bancada federal de Mato Grosso do Sul junto a União, no projeto da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), neste primeiro semestre.