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Ecoa na imprensa: ‘Grandes obras de infraestrutura e como são desenvolvidas têm efeito devastador no Pantanal’ 6h411m

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Via MidiaMax Por Daiane Líbero 1n5i6b

A Bacia do Alto Paraguai, onde boa parte do Pantanal brasileiro está localizado, tem mais de 130 represas. Cada uma destas intervenções infraestruturais acarretam em mudanças significativas no ecossistema, atingindo negativamente o Pantanal, um dos biomas mais significativos em biodiversidade do mundo. Além disso, as obras de barragens e de hidrovias também trazem consequências às populações ribeirinhas, que tornam-se vulneráveis diante das transformações ambientais decorrentes destas obras. Para esclarecer estas questões, o Jornal Midiamax conversou com André Luiz Siqueira, diretor presidente da organização não governamental (ONG) Ecoa – Ecologia e Ação.

JORNAL MÍDIAMAXQual a importância de aproximar a imprensa e os jornalistas do que está acontecendo na proteção ambiental do Pantanal? Como a ONG tem trabalhado para melhorar esse diálogo entre a mídia e as causas?

ANDRÉ LUÍZ SIQUEIRAO jornalismo é fundamentalmente uma forma de conhecimento e tem amplas possibilidades de contribuir no processo de educação para a sociedade. Em se tratando do Pantanal, é importante que a imprensa, principalmente regional, se aproxime de temáticas latentes e muitas vezes ausentes nas pautas convencionais. Este é um sistema complexo que precisa ser mais bem compreendido por toda a sociedade. Falta conhecimento de qualidade sobre o Pantanal por parte da população e até mesmo por pesquisadores e outros setores. É neste ponto que a ECOA se aproxima da mídia, para contribuir na construção de uma cultura profissional do jornalista que realiza papel essencial para o processo de democratização do o à informação de qualidade.

JMM: Uma dessa medidas é o ‘Simpósio Clima Pantanal’, que vai ser realizado nesta semana, em Campo Grande. Como esse evento vai abordar a questão ambiental na região do Pantanal sul-mato-grossense? Que medidas serão debatidas e apresentadas ao público?

AS: O evento acontece no dia 29 de setembro e tem como objetivo, em um primeiro momento, reforçar a importância de trabalharmos com essa agenda no Pantanal, temática global que para áreas importantes precisam ter destaque; No segundo momento, vamos apresentar o sistema de comunicação e alerta, um projeto nosso que está em desenvolvimento, com várias parcerias para atender, especialmente, grupos sociais mais vulneráveis na planície pantaneira, como os ribeirinhos, produtores rurais e pescadores, por exemplo, além dos demais setores, que dependem dos rios, como o turismo. No evento, estarão presentes os responsáveis pelos principais sistemas de alertas e de geração de informações sobre eventos climáticos no Brasil. A proposta é que eles contribuam diretamente com o sistema que a Ecoa desenvolve, para sua operacionalização e aplicação no território.

JMM: Qual o posicionamento da ECOA acerca das obras de infraestrutura no Pantanal hoje? Como o avanço do que é colocado como progresso obtém efeitos negativos nos ecossistemas e nas populações ribeirinhas?

AS: Temos cuidado com a palavra ‘progresso’, pois ela dá margem a uma série de contestações. Por exemplo, o modelo de geração hidroenergético não é o mais adequado para um país que vive insegurança hídrica a cada seis meses do ano. Nesse contexto, as grandes obras de infraestrutura – dentre elas, a Hidrovia e as barragens – e como são desenvolvidas têm efeito devastador para o sistema Pantanal. Para resumir, as barragens afetam diretamente o ciclo hidrológico dos rios e a alteração de sua dinâmica atinge de forma negativa todos que dependem dos mesmos. A Bacia do Alto Paraguai possui rios com vários empreendimentos seguidos no mesmo corpo d´água, no mesmo rio e, portanto acumulando os impactos. Quanto à hidrovia – mesmo projeto desde a década de 1980 – ela afeta gravemente populações ribeirinhas que estão nos locais de futuros portos. A utilização da dragagem em importantes pontos do rio Paraguai para garantir a navegação é também um dos pontos extremamente polêmicos, por alterar a hidrodinâmica. Sem contar que no atual Estudo para Viabilidade Técnica Econômica e Ambiental (EVTEA), executado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e contratado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (DNIT), os impactos ambientais no rio e entorno não foram nem estudados.

JMM: A ECOA executa, atualmente, o projeto ‘Prevenção, Mitigação e Adaptação para as comunidades pantaneiras frente aos eventos climáticos extremos’. Como ele funciona?

AS: Este é um projeto que integra nossa agenda relacionada a Eventos Climáticos Extremos, que desde 2011, realizamos levantamentos por toda a porção brasileira da Bacia do Alto Paraguai, a fim de compreender melhor como estes eventos se dão na planície e seus efeitos para os grupos mais vulneráveis. Assim sendo, a Ecoa desenvolveu planos de mitigação e adaptação, tanto para subsidiar políticas públicas, quanto para empoderamento da sociedade civil. O sistema de comunicação e alerta é um deles, assim como as casas adaptadas, construídas para fazer frente aos eventos climáticos extremos.

JMM: Sabemos que o governo Temer está negociando pautas ambientais de forma desvantajosa para a população. O governo anterior, de Dilma Rousseff, também dialogou com esse modelo de gestão. Nesse sentido, como o governo de Mato Grosso do Sul desenvolve suas políticas ambientais?

AS: De fato, a problemática ou desconstrução da agenda ambiental e social começaram com uma péssima gestão do governo anterior. O que se faz agora, no governo Temer, é continuidade da mutilação dessas agendas, limitando orçamentos, gestão, governança e reduzindo ministérios a secretarias e subsecretarias. Porém, em Mato Grosso do Sul temos avançado no diálogo, e dentro de suas limitações de orçamento o governo tem olhado para estes dois aspectos cruciais quando se fala de conservação da biodiversidade.

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