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Estudo mapeia desafios e aponta diretrizes para a restauração do Cerrado 496450

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Foto: Joédson Alves/Agência Brasil.

Texto originalmente publicado em 9 de novembro de 2023 542x18

José Tadeu Arantes | Agência FAPESP

  • Pesquisadores da Unicamp e colaboradores analisaram dados de 82 áreas, distribuídas por cinco Estados e o Distrito Federal. Resultados indicam que, para recuperar a grande biodiversidade do bioma, é preciso combinar várias técnicas restaurativas, além de preservar o que ainda não foi destruído.

O Cerrado já perdeu cerca de 70% da sua cobertura original. Savana mais biodiversa do mundo, detentora de 33% de toda a biodiversidade brasileira, berço das três maiores bacias hidrográficas da América do Sul, o Cerrado é hoje também o bioma mais ameaçado do Brasil. Salvar o que resta, por meio de ações de preservação, é necessário e urgente. Mas não é suficiente. É preciso também restaurar.

O grande problema é que o Cerrado é muito difícil de ser restaurado. Nas últimas décadas, várias alternativas de restauração foram testadas. Mas nenhuma se mostrou totalmente efetiva. Para entender o potencial de cada uma delas e a possibilidade de serem consorciadas em uma estratégia de conjunto, uma pesquisa apoiada pela FAPESP compilou um amplo conjunto de dados de 82 áreas distintas, distribuídas por cinco Estados e pelo Distrito Federal. Os resultados do estudo foram divulgados no Journal of Applied Ecology.

“Comparamos o quanto essas áreas em restauração estavam similares às áreas conservadas, preservando as fisionomias de campos e savanas predominantes no bioma. E, em cada área, avaliamos a eficácia das técnicas de restauração iva [regeneração natural] e ativa [semeadura, plantio de mudas de árvores, transplante de plantas, raízes e solo]”, conta Natashi Pilon, professora do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (IB-Unicamp) e primeira autora da pesquisa.

O estudo investigou 712 espécies, típicas do Cerrado bem preservado. Dessas, 338 (47%) não foram encontradas em nenhum dos locais em restauração. Como se isso não bastasse, de 520 espécies registradas exclusivamente em locais de restauração, 70% não eram típicas do Cerrado. Em outras palavras, espécies que deveriam estar presentes nas áreas restauradas não estão, e espécies que não deveriam estar presentes estão.

“Nos projetos de restauração, espécies que não são características do Cerrado estão sendo introduzidas. É o caso das ruderais [que crescem espontaneamente em terrenos baldios]. Embora nativas do Brasil, essas espécies não são características de nenhum bioma específico. E comprometem a estabilidade do ecossistema em restauração a longo prazo”, sublinha Pilon.

 

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