//

CARTA DA ASSEMBLEIA NACIONAL DO MOVIMENTO DOS PESCADORES E PESCADORAS ARTESANAIS DO BRASIL – MPP 1w9i

7 minutos de leitura

Pelo território pesqueiro 2r2l5c

 

logo-cortada-assembleia-mpp

 

Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais do Brasil

 

CARTA DA ASSEMBLEIA NACIONAL DO MOVIMENTO DOS PESCADORES E PESCADORAS ARTESANAIS DO BRASIL – MPP
TEMA: Pesca Artesanal: Identidade, Cultura, Soberania e Resistência – Poder para o nosso povo.
LEMA: Resistir, garantir e continuar… a biodiversidade queremos preservar!

 

Nós pescadores e pescadoras do MPP reunidos em assembleia nacional, na Reserva Extrativista do Batoque, Aquiraz, no Ceará, entre os dias 23 a 25 de agosto de 2016 viemos a público manifestar sobre o que nestes dias refletimos.
Vivemos no Brasil um momento político e econômico cruel, no qual estamos sendo despidos de nossos direitos conquistados. Neste contexto, as comunidades tradicionais estão sendo criminalizadas duplamente: pela retirada de direitos e por termos nossas lideranças tratadas como bandidos nas lutas em defesa de seu povo.
A PESCA ARTESANAL VOLTA A ESTACA ZERO: trata-se de um desmonte intencional da estrutura da pesca artesanal no país. Mais de 200 mil RGP (Registro Geral da Pesca) não entregues, 300 mil cancelados e mais de 200 mil suspensos este ano; milhares de defesos foram negados no Brasil afora.
O que estava ruim, agora, com o governo interino Michel Temer, ficou ainda pior. O Ministério da Pesca foi extinto e a pesca ou a ser uma secretaria inoperante dentro do Ministério da agricultura que privilegia o agronegócio com clara intenção de acabar com as políticas voltadas para os pescadores e pescadoras artesanais. As várias secretárias da Pesca nos Estados sem funcionamento, por falta de funcionários com as devidas competências.
Repudiamos veemente, a articulação política deste governo em vista da Reforma Previdenciária com claro discurso de penalizar os pescadores/as tradicionais em nome de uma política econômica degradadora da vida dos mais pobres.
Os grandes empreendimentos têm causado impactos gravíssimos. É o caso das siderúrgicas, das carciniculturas, portos como Petrobrás, Samarco e a Vale, contaminação das águas e do solo marinho; exploração petrolífera, o modelo energético – eólicas, termoelétricas, as barragens que tem tirado o o dos pescadores às águas marinhas e continentais com diminuição dos pescados; A preocupação com exploração do Pré-sal que ampliará os acidentes com o Petróleo, sobretudo com a proposta de privatização para empresas estrangeiras. Tais empreendimentos promovem a invasão aos territórios, ocupação das águas, colocação de dutos dificultando a navegação e criando novas áreas de exclusão de pesca.
Também a especulação imobiliária e o turismo de negócio, com os RESORTS que invadem e expulsam comunidades inteiras tem se espalhado por todo Brasil.
A ameaças aos direitos das comunidades se baseia em mecanismos legais que foram sendo construídos pelo Estado, apoiado pelas bancadas ruralistas e fundamentalistas no Congresso e Senado configurando uma ação articulada de criminalização dos movimentos sociais. Tal cenário recai sobre os pescadores e pescadoras de forma fomentada pelo Estado que se posiciona em favor das elites, é o caso da criminalização dos pescadores da Bahia de SEPTIBA e Bahia de Guanabara no Rio de Janeiro, na Comunidade de Cajueiro em São Luís no Maranhão e em inúmeras comunidades, com perca de petrechos, prisões, ameaças de morte e assassinatos.
Uma outra consequências do golpe é a paralisação dos processos de regularização e demarcação dos território operacionalizados pela SPU (Superintendência do Patrimônio da União), a F (Fundação Cultural Palmares), o INCRA (Instituto de Colonização e Reforma Agraria) e ICMBIO (Instituto Chico Mendes da Conservação e Biodiversidade), que ganha corpo ainda mais com a tramitação da PEC 215 no Congresso nacional.
Repudiamos o sistema capitalista que ambiciona os nossos territórios, sustenta e fomenta toda esta degradação dos bens naturais, trazendo para nossas comunidades violência, contaminação, doenças e pobreza.
Seguimos apostando no nosso modelo de vida que é de abundancia, solidariedade, justiça, igualdade para toda humanidade e para a mãe terra com todas as suas formas de vida: Bem Viver!!

 

Nenhum direito a menos! Seguimos em Frente com nossas Bandeiras de Luta:
– Luta pela defesa e garantia dos territórios Pesqueiros
(Campanha pelo território Pesqueiro, RESEX, Quilombos, TAUS, RDS, etc)
– Lutar por política de Ordenamento Pesqueiro com participação efetiva da Pesca artesanal e a partir do saber das comunidades pesqueiras;
– Lutar por uma legislação específica para pesca artesanal
– Defesa dos direitos conquistados e luta por novos direitos (Nenhum direito a menos);
– previdenciários, sociais, trabalhistas, ambientais;
– RGP, etc
– Criminalização e violência institucional.
– Lutar por Políticas e Investimentos para a Pesca Artesanal
(garantia de condições adequadas para produção, processamento e comercialização)
– Lutar por uma educação específica e contextualizada para a Pesca Artesanal
(alfabetização, escolas das águas, técnica, etc)
– Enfrentamento aos Grandes Projetos que causam impacto nos territórios e meios de vida dos pescadores:
(Barragens, mineração, eólicas, imobiliários, portos, petróleo, etc)
– Atuar junto as ações contra as causas e efeitos das Mudanças climáticas

NO RIO E NO MAR – PESCADORES NA LUTA.
NOS AÇUDES E BARRAGENS – PESCANDO LIBERDADE.
HIDRONEGÓCIO – RESISTIR.
CERCAS NAS ÁGUAS – DERRUBAR.

 

 

Ecoa 37h3q

Deixe uma resposta Cancelar resposta 3v1h5y

Your email address will not be published.

Mais recente de Blog s1741

As onças no Pantanal e as crises hídrico-climáticas 302w28

Alcides Faria Biólogo e diretor da Ecoa. Revisado por Fernanda Cano e André Siqueira.   –

Fumaça de incêndios invade casas, e proteção global custaria bilhões 1w334o

Mesmo dentro de casa, a fumaça tóxica de incêndios florestais pode ser perigosa. Um estudo publicado

Legalidade de megadesmates no Pantanal avança para julgamento no STJ 5pm20

Legalidade de licenças para megadesmates no Pantanal Sul pode ser avaliada em breve no STJ; Ministério

André Nunes, diretor da Ecoa, representa o Pantanal em Fórum Global no Canadá – Conheça os destaques! 252t

O diretor da Ecoa André Nunes e Luciana Vicente (coordenadores da Paisagem Modelo Pantanal) estão representando

“Foi um prazer conhecer tantas histórias de dedicação que essas mulheres tem com o Cerrado. A maioria das inscritas estava plenamente apta a participar desse programa, o que tornou mais difícil a seleção (…). Por isso, trabalhamos também pelo aumento de vagas disponíveis para receber mais mulheres nessa jornada que se inicia a partir de agora e que esperamos que seja o semear de um Cerrado mais forte, mais equitativo e justo para as mulheres pelo Cerrado”. – Nathalia Ziolkowski, presidenta da Ecoa, sobre a divulgação das selecionadas para o Curso de Formação de Mulheres Líderes do Cerrado 666249

“A publicação deste resultado é uma grande alegria e sua divulgação hoje deriva do trabalho intenso