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Área queimada quase dobra no Brasil em 2019, e equivale a SP e RJ juntos 631ec

8 minutos de leitura
incêndios no pantanal - 2019 - foto via prevfogo ibama ms
Mudanças climáticas favorecem cenário para incêndios no Pantanal. Créditos: Prevfogo Ibama.

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Por Carlos Madeiro

RESUMO DA NOTÍCIA

– Quantidade de áreas atingidas por queimadas cresceu 86% no ano ado

– Território atingido equivale a cerca de 44,5 milhões de campos de futebol

Pantanal foi o bioma mais afetado na comparação com 2018

incêndios no pantanal - 2019 - foto via prevfogo ibama ms
Queimadas atingiram a região do Pantanal durante o segundo semestre do ano ado. Imagem: Divulgação/PrevFogo/MS

O Brasil terminou o ano de 2019 com 318 mil km² de área florestal consumidas pelo fogo, segundo dados do Programa de Queimadas, do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). O número é quase o dobro do registrado no ano anterior: 86% maior do que o de 2018 (170 mil km²).

O ano ado foi o primeiro em que o INPE verificou aumento de área queimada em todos os seis biomas medidos na comparação com o período anterior —os dados começaram a ser disponibilizados em 2002.

A área queimada em 2019 é equivalente a 44,5 milhões de campos de futebol, e é quase 10% maior que a soma dos territórios dos estados de Rio de Janeiro e São Paulo. O total atingido pelo fogo em 2019 é o terceiro maior da década, atrás apenas de 2012 (391 mil km²) e 2015 (354 mil km²).

Área queimada por bioma em 2019:

Pantanal – 20.835 km² (alta de 573% em comparação a 2018)

Pampa – 1.398 km² (alta de 127% em comparação a 2018)

Caatinga – 55.536 km² (alta de 118% em comparação a 2018)

Cerrado – 148.648 km² (alta de 74% em comparação a 2018)

Amazônia – 72.501 km² (alta de 68% em comparação a 2018)

Mata Atlântica – 19.471 km² (alta de 46% em comparação a 2018)

Pantanal tem pior cenário em 15 anos

O maior aumento em área queimada dos biomas ocorreu no Pantanal, onde 20,8 mil km² foram atingidos pelo fogo, 573% a mais que em 2018.

Ao todo, no ano ado, 13,9% do território do bioma foi atingido por incêndios, maior índice em 15 anos. Em setembro ado, os estados de Mato Grosso e de Mato Grosso do Sul decretaram emergência por conta da quantidade de focos.

O aumento exponencial de área atingida por queimadas no Pantanal tem alguns fatores como motivadores, explica André Luiz Siqueira, diretor-presidente da ONG (Organização Não Governamental) Ecoa:

– “Temos de levar em conta que tivemos um ano muito seco por aqui, tanto que tivemos queimadas antes do tempo e que foram até o início de dezembro – o que é atípico e dois meses a mais que a média.

– “Outro fator é que o Pantanal está na fronteira com a Bolívia, que queimou muito em 2019.” No ano ado, a Bolívia registrou 44.271 focos de queimadas, o maior número desde 2010, conforme dados do Inpe. “Desde 2018, o Brasil perdeu a capacidade de negociação com a Bolívia, deixando de acordar intercâmbios e cooperações. Isso tudo foi fundamental”, explica.

Segundo Siqueira, também houve uma falta de resposta dos órgãos públicos no combate ao fogo. “Por exemplo: o estado do Mato Grosso do Sul não tinha aparelhagem para combater o fogo. Inclusive precisou receber doações para as operações. A última grande queimada aqui ocorreu há 15 anos, e nós tivemos praticamente o mesmo percentual queimado daquele ano”, diz.

Outros biomas queimam

Os outros cinco biomas medidos pelo INPE também tiveram alta em 2019. A maior área queimada em termos absolutos é o Cerrado, onde 148 mil km² foram atingidos pelo fogo: 74% a mais que em 2018. Por conta de sua característica mais seca e de fogo com autopropulsão, o bioma é, historicamente, o que apresenta o maior número de focos e área queimada no país.

Já na Amazônia, a alta foi de 68% em relação a 2018, com um total de 72,5 mil km² devastados pelo fogo.

O percentual chama atenção porque é mais que o dobro da alta de focos de queimadas registrados em 2019, que foram apenas 30% maiores que em 2018. Isso mostra que os focos em 2019 foram maiores em área queimada.

“Nova política ambiental”

O UOL procurou especialistas, que apontaram fatores para o crescimento. Para o biólogo Rômulo Batista, da campanha de Amazônia do Greenpeace, a extensão da área queimada chama a atenção porque 2019 não foi um ano de fenômenos climáticos El Niño ou La Ninã.

“Eles causam secas mais fortes no norte ou no sul do País. O que tivemos de novidade foi a nova política ambiental, ou, na verdade, a ausência de uma política ambiental desde que o governo assumiu”, diz.

Batista afirma ainda que o aumento em todos os biomas é fruto de uma “falta de política ambiental de combate às queimadas e ao desmatamento, além da redução do orçamento para o MMA [Ministério do Meio Ambiente] e o principais órgãos que coíbem o desmatamento e as queimadas”.

Cássio Bernardino, analista de Conservação do WWF-Brasil, diz que a grande maioria das queimadas teve origem proposital do homem. “Esses incêndios têm origem especialmente antrópica [ação do ser humano]. Mesmo nos biomas onde é natural a ocorrência de fogo, esses números não eram esperados. E as análises espaciais mostram o fogo predominantemente às margens de rodovias e próximo a centros urbanos, o que indica que elas são de origem humana, principalmente para ações desmatamento e reforma de pastagem”, explica.

Ainda segundo Bernardino, todos os biomas tiveram área queimada acima das médias históricas, e a culpa disso estaria ligada ao discurso e à falta de ações do governo federal.

“Houve uma retórica governamental, uma mensagem de que o meio ambiente é um recurso que pode ser explorado de qualquer forma, e que a proteção pode ser uma ameaça o desenvolvimento. De outro lado, tivemos menos ênfase nos mecanismos de sistema de comando o controle. Tivemos mesmo fiscalização e menos equipes em campo”, aponta.

Procurado ontem para comentar o aumento de áreas queimadas nos seis biomas em 2019, o MMA não enviou resposta ao UOL.

Luana Campos p6n4x

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