/

Alerta Pantanal: quadro geral indica mais um ano de seca 25691t

6 minutos de leitura
(Foto: Alíria Aristides / Arquivo Ecoa)

As chuvas dos últimos meses na Bacia do Alto Paraguai não foram suficientes para mudar o cenário de seca que atinge o Pantanal há três anos. Ainda no período chuvoso, réguas no rio Paraguai apontavam que a recuperação na altura das águas foi tímida e, até o momento, as planícies pantaneiras não chegaram a serem alagadas.   3e5a72

Os ambientes estão extremamente secos para essa época do ano e acendem alerta para a possibilidade de incêndios. Com falta de água para alagar planície, a vegetação seca permanece exposta e as chances de fogo aumentam. 

Segundo o último boletim de Monitoramento Hidrológico da Bacia do rio Paraguai, do Serviço Geológico do Brasil, há previsão de contínua redução de chuvas na região ao longo das próximas semanas. É importante frisar que, em períodos de pluviosidade normal, chuvas acontecem com abundância ainda nos meses de maio e junho.   

Em março, a seca no Pantanal de Mato Grosso do Sul foi classificada como ‘extrema’ pelo Mapa Monitor de Secas da Agência Nacional das Águas. Segundo a publicação, o cenário acontece “em decorrência de um longo período (superior a 12 meses) com chuvas abaixo da média”.  

Créditos: Monitor de Secas

Cenário no local  1o1v2c

André Siqueira, diretor presidente da Ecoa (Arquivo Ecoa)

Em abril, a equipe da Ecoa esteve na região da Serra do Amolar, onde possui uma base de apoio, e pôde observar pessoalmente sinais preocupantes. André Luiz Siqueira, diretor presidente da Ecoa, afirma que o cenário é preocupante. “Ainda na época de chuvas, o volume do rio nas réguas apontava apenas uma subida tímida, com números muito parecidos com o observado no ano ado”.

Já a jusante no rio, nas regiões de Paraguai-Mirim e São Francisco, também foi possível observar que as águas estão abaixo da média. O rio Taquari influencia diretamente neste volume, já que desemboca na região e poderia ser responsável por aumentar a altura do Paraguai. Entretanto, o cenário no local indica que o volume de água proveniente do Taquari também é baixo.

O rio Miranda, outro importante curso d’água na região pantaneira, também segue afetado pela seca e com volume abaixo da média. Com isso, a água é represada no canal do rio e não transborda para a planície, o que agrava o quadro de seca no campo.

Principais rios e formações no Pantanal. Fonte: Researchgate, (modificado de Souza, 1998).

Fazendeiros de diferentes regiões pantaneiras, com os quais a Ecoa tem permanente contato, relatam que a seca que atinge toda a região. Segundo relatos, corixos, baías e rios intermitentes (que possuem água em períodos chuvosos) estão totalmente secos. 

Informações que chegam da brigadas indígena na aldeia Limão Verde, que atuam na região de Nabileque, reforçam a presença de seca extrema no local. 

Brigadas em alerta 1f113g

A Ecoa segue trabalhando com o Prevfogo/Ibama na formação e fortalecimento das Brigadas Comunitárias.

Foto: Victor Hugo Sanches.

A formação de brigadas voluntárias em comunidades do Pantanal é uma estratégia que favorece o combate às chamas. A proximidade e conhecimento dessas comunidades é fundamental para que o prejuízo ambiental seja minimizado. Além disso, os brigadistas promovem educação ambiental e transformam o local onde vivem.

Atualmente, o Prevfogo/Ibama atua na capacitação e renovação dos brigadistas. Além disso, uma nova brigada indígena foi contratada na T.I. Cachoeirinha, totalizando cinco brigadas indígenas pelo PrevFogo. A mobilização deve se intensificar principalmente durante o período mais seco e propício para incêndios, o que acontece a partir de agosto.

A Ecoa começou a articular a formação e treinamento de brigadas comunitárias no Pantanal em 2006. De lá para cá, são 17 brigadas formadas, totalizando 125 pessoas treinadas para combater o fogo no Pantanal.

Alíria Aristides 5h1i38

Deixe uma resposta Cancelar resposta 3v1h5y

Your email address will not be published.

Mais recente de Blog s1741

As onças no Pantanal e as crises hídrico-climáticas 302w28

Alcides Faria Biólogo e diretor da Ecoa. Revisado por Fernanda Cano e André Siqueira.   –

Fumaça de incêndios invade casas, e proteção global custaria bilhões 1w334o

Mesmo dentro de casa, a fumaça tóxica de incêndios florestais pode ser perigosa. Um estudo publicado

Legalidade de megadesmates no Pantanal avança para julgamento no STJ 5pm20

Legalidade de licenças para megadesmates no Pantanal Sul pode ser avaliada em breve no STJ; Ministério

André Nunes, diretor da Ecoa, representa o Pantanal em Fórum Global no Canadá – Conheça os destaques! 252t

O diretor da Ecoa André Nunes e Luciana Vicente (coordenadores da Paisagem Modelo Pantanal) estão representando

“Foi um prazer conhecer tantas histórias de dedicação que essas mulheres tem com o Cerrado. A maioria das inscritas estava plenamente apta a participar desse programa, o que tornou mais difícil a seleção (…). Por isso, trabalhamos também pelo aumento de vagas disponíveis para receber mais mulheres nessa jornada que se inicia a partir de agora e que esperamos que seja o semear de um Cerrado mais forte, mais equitativo e justo para as mulheres pelo Cerrado”. – Nathalia Ziolkowski, presidenta da Ecoa, sobre a divulgação das selecionadas para o Curso de Formação de Mulheres Líderes do Cerrado 666249

“A publicação deste resultado é uma grande alegria e sua divulgação hoje deriva do trabalho intenso