/

A super surdez para a possibilidade dos eventos climáticos extremos 356m5q

5 minutos de leitura
Anomalia de temperatura da superfície do mar em 29 de outubro de 2023 | National Oceanic and Atmospheric istration (NOAA).

Texto originalmente publicado em 1 de novembro de 2023, 2d631

Por Alcides Faria, Diretor da Ecoa.

– O registrado este ano na América do Sul é um indicativo muito forte de que as políticas climáticas devem mudar, ampliando o alcance da ciência em cada território específico.

Desde o ano ado, climatologistas de diferentes instituições alertavam para alterações na temperatura das águas do oceano Pacífico, o que apontava a configuração do fenômeno El Niño, com riscos de eventos extremos em grande parte da América do Sul e, logicamente, no Brasil. Os alertas vieram agregados, algumas vezes, com o adjetivo “super”, indicando que a magnitude das alterações climáticas e suas percepções deveriam estar na ordem do dia para a construção de políticas preventivas, incluindo o básico: alertas para as populações, principalmente tendo em conta as bacias hidrográficas, mas tratando de fortalecer a capacidade de prefeituras e estados para ações mitigatórias. 

Mas, ao que parece, a surdez quanto às mudanças climáticas e seus efeitos também pode ser agregado ao adjetivo “super” – “super surdez”. Vejamos o caso do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, após as intensas chuvas que causaram dezenas de mortes e prejuízos econômicos incalculáveis ele afirmou que “os modelos matemáticos de previsão do tempo de institutos meteorológicos não indicavam o volume de chuva que atingiu o estado”. A fala veio depois de Leite ter sido questionado se algo não poderia ter sido feito como forma de prevenção a desastres naturais, eventos extremos que acontecem de forma recorrente. 

O Rio Grande do Sul saiu de uma seca de vários anos, com prejuízos para a agricultura e a redução de geração de energia pelas hidrelétricas, para essa nova situação extrema de cheias, as quais, somadas aos danos de um ciclone extratropical, causaram a morte de 52 pessoas, prejuízos acima de R$1,3 bilhão, segundo a Confederação Nacional de Municípios. 

Já no outro extremo, na bacia do rio Amazonas, o quadro é de seca inédita, com a baixa dos rios trazendo impactos sociais, ambientais e econômicos jamais vistos na região. Vale registrar que na Bolívia, país que compartilha o território da bacia, os problemas de seca nas regiões de nascentes de rios formadores do sistema amazônico, são registrados há meses. Um elemento a considerar, além da falta de chuvas, é a menor queda de neve durante o inverno, o que levou à redução na produção de água com o degelo em algumas regiões. 

O registrado este ano na América do Sul é um indicativo muito forte de que as políticas climáticas devem mudar, ampliando o alcance da ciência em cada território específico, ultraando fronteiras e garantindo informações que permitam a construção de estratégias de prevenção e mitigação de danos causados por eventos climáticos extremos. Acompanhar, por exemplo, o desenvolvimento do El Niño e La Niña, fenômenos climáticos de aquecimento ou resfriamento das águas do Pacífico na zona equatorial, ao longo do tempo se mostra uma tarefa essencial neste momento e para o futuro. 

Tem-se expertise? A resposta é sim, mas são necessárias conexões e usos dela muito além do que se faz até aqui.

ecologiaeacao ggn

Alcides Faria 343i5b

Deixe uma resposta Cancelar resposta 3v1h5y

Your email address will not be published.

Mais recente de Blog s1741

Bioeconomia no Pantanal: como gerar renda conservando o meio ambiente? 18373g

Antes de tudo, o que é bioeconomia? Não há uma única definição, mas, em essência, a

Jorcy Neves hoje está inscrito na história de Campo Grande (MS), pois, graças à sua liderança à frente da Associação de Moradores do Campo Belo, foi criado o Parque Estadual das Matas do Segredo. São 177,88 hectares, com inúmeras nascentes que formam o Córrego Segredo, que atravessa a cidade de norte a sul. Até aquele momento (ano 2000), a área era destinada à construção de casas. Convencemos o governador Zeca, à época, a criar o Parque – Decreto nº 9.935, de 5 de junho de 2000. Neste 5 de junho, 25 anos depois, todas as homenagens a Jorcy. (Alcides Faria) 2gr6e

Dia Mundial do Meio Ambiente: celebrar as conquistas e enfrentar desafios 6wd2m

Chegamos ao Dia Mundial do Meio Ambiente com conquistas que merecem ser celebradas. No Pantanal e

Um lugar único no mundo: Parque Nacional da Serra da Bodoquena 2m6d3n

Neste dia Mundial do Meio Ambiente, revisitamos uma publicação que celebra um dos últimos resquícios de

Proteção definitiva: RPPN garante futuro da cachoeira Água Branca 6s181n

Com a da portaria de criação, a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Água Branca