/

Pantanal: 10 fatos que você precisa saber sobre as casas construídas com/para ribeirinhos 3w192m

9 minutos de leitura
1

Texto originalmente publicado em 1 de junho de 2017 641222

– São moradias montadas com paredes de placas de material reciclado e sistemas que protegem principalmente as crianças.

– O projeto demandou pesquisas cuidadosas, particularmente com relação aos materiais e também a condições de montagem e desmontagem. Os sistemas são apropriados para áreas inundáveis.

– Quatro foram montadas na região da Serra do Amolar, na comunidade conhecida como Barra do São Lourenço, localizada a montante de Corumbá, MS, a sede do município, sendo somente alcançada de barco (freteiras), em uma viagem de 30 horas.

1. As pesquisas e o desenvolvimento do projeto tomaram mais de 2 anos. Esteve à frente do trabalho uma equipe de jovens arquitetos sob a coordenação de Juliano Thomé e Bruno Pasello, à época recém chegados de sua graduação na França. A coordenação geral foi do diretor presidente da Ecoa, André Siqueira.

fotoiasmimamiden-22
Juliano Thomé e Bruno Pasello após construção do projeto piloto (Foto: Iasmim Amiden)
1
André Siqueira, diretor presidente da Ecoa, foi o coordenador geral do projeto (Foto: Juliano Thomé)

2. Um projeto piloto foi desenvolvido para a Associação de Mulheres do Porto da Manga, localidade também às margens do rio Paraguai, mas a jusante de Corumbá. A execução desse projeto piloto levou a modificações importantes na concepção as quais foram aplicadas na Barra do São Lourenço.

Projeto piloto construído no Porto da Manga, Corumbá (Foto: Bruno Pasello)
Projeto piloto construído para a Associação de Mulheres do Porto da Manga (Foto: Iasmim Amiden)
Projeto piloto construído para a Associação de Mulheres do Porto da Manga (Foto: Iasmim Amiden)

3. A estrutura conta com sistema para captação de água de chuva, essencial para os períodos em que o rio Paraguai ‘apodrece’ – no fenômeno conhecido como decoada -, quando se torna impossível o seu uso. Tem também banheiros e sistemas individuais de tratamento de esgoto.

Telhado inclinado para captação de água da chuva (Foto: Iasmim Amiden)
Telhado inclinado para captação de água da chuva (Foto: Iasmim Amiden)
foto_casas_álvaro-13
Sistema para tratamento de esgoto em moradia adaptada (Foto: Álvaro Junior)

4. O tempo gasto para montagem completa de cada unidade é de 8 dias. As placas modulares e a fixação com parafusos permitem o trabalho no ambiente, sendo o processo facilmente apreendido e executado pelos moradores.

foto_casas_andre-17
Toda a casa é feita por fixação em parafusos (Foto: André Siqueira)
Placas modulares de material reciclado (Foto: André Siqueira)
Placas modulares de material reciclado e à prova de foto (Foto: André Siqueira)

5. A casa, construída em sistema de palafitas para proteção frente a ataques de animais e cheias como a deste ano (2017), pode ser desmontada e transferida de local sem danos aos materiais. Essa característica é fundamental devido às alterações ambientais que levam os ribeirinhos a mudarem o local de moradia.

Elevação em palafita para fazer frente as cheias (Foto: Iasmim Amiden)
Elevação em palafita para fazer frente as cheias (Foto: Iasmim Amiden)
O sistema de palafitas oferecem segurança aos moradores (Foto: Iasmim Amiden)
O sistema de palafitas oferece segurança aos moradores (Foto: Iasmim Amiden)

6. As paredes, piso e telhado são de material reciclado e à prova de fogo, água e cupins. Sendo reflexivo, ele protege contra as altas temperaturas comuns na região, trazendo conforto térmico.

Material reflexivo permite maior conforto térmico (Foto: Iasmim Amiden)
Material reflexivo permite maior conforto térmico (Foto: Iasmim Amiden)
Material é resistente ao fogo, água e cupins (Foto: André Siqueira)
Material é resistente ao fogo, água e cupins (Foto: André Siqueira)

7. Nas janelas, portas e em todas as aberturas telas de nylon protegem contra a ‘mosquitaria’, comum em boa parte do ano. O ganho maior é das crianças com a diminuição de problemas de pele e pulmonares, estes devido ao uso da fumaça intensa para espantar os mosquitos.

Telas de nylon protegem contra os mosquitos (Foto: Iasmim Amiden)
Telas de nylon protegem contra os mosquitos (Foto: Iasmim Amiden)
Telas em todas as aberturas da casa (Foto: André Siqueira)

8. O projeto e a execução têm por base demandas da Associação de Moradores da Barra do São Lourenço. A proposta surgiu a partir do projeto Mapeamento de eventos climáticos extremos no Pantanal, análise de seus efeitos sobre populações vulneráveis, capacitação local e elaboração de propostas mitigatórias, que identificou os danos causados pela excepcional e repentina cheia em 2011, ano em que muitas famílias perderam parte de seus bens.

Proposta surgiu de demanda da Associação de Moradores (Foto: Ieda Bortolotto)
Proposta surgiu de demanda da Associação de Moradores (Foto: Ieda Bortolotto)
Moradores pediram por casas adequadas à região (Foto: Iasmim Amiden)
Moradores pediram por casas adequadas à região (Foto: Iasmim Amiden)

9. O projeto contou com o apoio de várias instituições, tanto para sua elaboração quanto para execução, dentre elas o Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério Público Federal (MPF), Receita Federal, Secretaria do Patrimônio da União, ligada ao Ministério do Planejamento, o Departamento de Geografia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – Câmpus Pantanal (UFMS/AN) e a Marinha do Brasil.

Procuradora Maria Olívia (MPF) com Joana, moradora da nova casa adaptada (Foto: Iasmim Amiden)
Procuradora Maria Olívia Junqueira (MPF) com Joana, em nova casa adaptada (Foto: Iasmim Amiden)
Parceiros do SPU em visita às casas (Foto: Iasmim Amiden)
Parceiros do SPU em visita às casas na comunidade da Barra do São Lourenço (Foto: Iasmim Amiden)

10. Para a viabilização das moradias, outras medidas foram necessárias, dentre elas:

– A emissão de Termo de Autorização de Uso Sustentável (TAUS) para as famílias da comunidade.
– Reconhecimento e identificação territorial através de trabalho da UFMS e ECOA.

Trabalho contou com  viabilização do TAUS para moradores (Foto: Iasmim Amiden)
Trabalho contou com viabilização do TAUS para moradores (Foto: Iasmim Amiden)
Ecoa e UFMS trabalharam juntas no processo de  reconhecimento e identificação territorial (Foto: Ieda Bortolotto)
Ecoa e UFMS trabalharam juntas no processo de reconhecimento e identificação territorial (Foto: Ieda Bortolotto)

Ecoa 37h3q

1 Comment 2g6o5g

  1. Muito bom. Excelente trabalho com bases em pesquisas, participação dos envolvidos, envolvidos.. Uma sugestão, para completar a Igualdade de Oportunidades e Quebrando Barreiras seria a colocação de Corrimãos (01 de cada lado) e Rampas de o ou outo sistema para as Pessoas Com Deficiências (PCD). Daí mesmo que na comunidade não existam pessoas com deficiência, ficaria 100% sustentável e democrática..
    Apenas sugestão. Está excelente o trabalho…
    Obrigado.

Deixe uma resposta Cancelar resposta 3v1h5y

Your email address will not be published.

Mais recente de Blog s1741

A Ecoa manifesta total solidariedade à ministra do Meio Ambiente Marina Silva diante das agressões de senadores na Comissão de Infraestrutura do Senado, à qual foi convidada a tratar da criação de áreas de conservação na região Norte. Marina deixou a sessão após ser alvo de declarações de senadores consideradas machistas e ofensivas. 1j4p16

As onças no Pantanal e as crises hídrico-climáticas 302w28

Alcides Faria Biólogo e diretor da Ecoa. Revisado por Fernanda Cano e André Siqueira.   –

Fumaça de incêndios invade casas, e proteção global custaria bilhões 1w334o

Mesmo dentro de casa, a fumaça tóxica de incêndios florestais pode ser perigosa. Um estudo publicado

Legalidade de megadesmates no Pantanal avança para julgamento no STJ 5pm20

Legalidade de licenças para megadesmates no Pantanal Sul pode ser avaliada em breve no STJ; Ministério

André Nunes, diretor da Ecoa, representa o Pantanal em Fórum Global no Canadá – Conheça os destaques! 252t

O diretor da Ecoa André Nunes e Luciana Vicente (coordenadores da Paisagem Modelo Pantanal) estão representando